PASEV | Patrimonialização da Paisagem Sonora em Évora (1540 - 1910)

PASEV | Patrimonialização da Paisagem Sonora em Évora (1540 - 1910)

Descrição: 

O projeto pretende abrir e explorar novas perspetivas sobre as manifestações culturais no burgo eborense e seu termo através do estudo e análise da atividade musical múltipla no período cronológico entre 1540 (criação do Arcebispado de Évora) e 1910 (início da República em Portugal).

Pretende contribuir para uma efetiva patrimonialização da paisagem sonora histórica em Évora, dada a sua riqueza.

Évora foi um dos mais importantes centros musicais portugueses, com uma atividade que, até ao final do Antigo Regime (c.1820) se viu dominada pelas instituições religiosas seculares e monástico-conventuais intramuros e extramuros que eram mais de duas dezenas. Um núcleo central circundando a Praça do Giraldo que englobava a Sé, com a Capela e o Colégio dos Moços do Coro, envolvendo também a igreja colegiada de Santo Antão e igreja de S. Tiago, e ainda cinco conventos, para além de outras instituições como o Colégio jesuíta do Espírito Santo. Na zona extramuros encontramos o mosteiro de S. Bento de Cástris, do Espinheiro, da Cartuxa e de Santo António da Piedade, entre outras. A música nestas instituições era uma constante durante o dia, constituindo um interessante efeito que remete para a ideia de desembodied voices (vozes sem corpo) pelos sons (como os sinos) que se propagavam pelas ruas. Neste quadro floresceu um conjunto de compositores polifonistas de qualidade superlativa nos séculos XVI e XVII.

Um certo cosmopolitismo artístico-cultural comprovado pela circulação de músicos estrangeiros em todo o país, verificou-se também em Évora, uma cidade de manifesto peso político e religioso. No século XIX dadas as circunstâncias históricas associadas à vitória do liberalismo surgiram coletividades com outros tipos de atividade musical como o Círculo Eborense (1837) ou a Sociedade Civilizadora União Eborense (1839). A noção de paisagem musical (Soundscape) que tem vindo a ganhar relevância na musicologia internacional permite entender a realidade musical a partir de uma perspetiva contextual abrangente, contrariamente à leitura centrada num compositor, ou outro aspeto restrito. Permite reconstruir contextos, circuitos, trânsitos e cartografar a presença da música e dos músicos.

O projeto propõe a criação de uma base de dados interativa que reúne a informação em diversos formatos e permite a criação de roteiros temáticos, como p.e. os órgãos de igreja ou circuitos históricos de cariz religioso, como p. e. a procissão do Senhor Jesus dos Passos, de forma a explorar cenários musicais históricos através de várias plataformas virtuais, como aplicativos (smartphones), para enriquecer rotas in loco  na cidade.

Este projeto integrador pretende contribuir para uma compreensão abrangente da cidade enquanto espaço cultural, explorando uma vivência sensorial do espaço urbano e do património. O projeto responde a relevantes desafios societais para as cidades do interior na medida em que articula – no quadro da valorização patrimonial – as vertentes de investigação consolidadas na universidade e o turismo cultural, que se constituem como esferas de primeira importância para a cidade de Évora no século XXI.

Parceiros: CESEM/UÉ | CIDEHUS/UÉ | CEHFCi/UÉ – IHC | CHAIA/UÉ | CHAM-UNL | FCSH/UNL | NOVA.ID.FCT

Equipa:  Investigador Responsável | Vanda de Sá (CESEM/UÉ) e Investigador Co-Responsável | Antónia Fialho Conde (CIDEHUS/UÉ) 

Investigadores do CIDEHUS: Antónia Fialho Conde, Hugo Porto e Olga Magalhães

Financiamento:  Portugal 2020/Alentejo 2020 - FEDER 

Duração:  2019-2021

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