RESPATRIMONI - Network of the Researchers on Heritagisations

A noção de património é seguramente uma das melhores ferramentas que os cientistas sociais têm ao seu dispor para analisar a forma como as sociedades se relacionam com o seu passado, especialmente no que diz respeito às suas relações complexas e ambíguas com a história e a memória. Contudo o património é também uma forma de construção do nosso presente e da nossa localidade tanto dentro de contextos transnacionais, como no contexto de comunidades locais.

Os recentes conceitos de Biodiversidade, Diversidade Cultural e Património Cultural Imaterial propostas pela Unesco para proteger o património não arquitectónico conheceram considerável sucesso, reforçando a centralidade de princípios tais como perda, salvaguarda e desenvolvimento que já tinham alterado a paisagem económica e social dos sítios classificados como Património Mundial.

Visões críticas da patrimonialização são pouco pouco frequentes porque o património, tanto o material, natural ou imaterial, é muitas vezes visto como um testemunho civilizacional autêntico e irreduzível, bem como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento económico relacionada com o turismo. O património é geralmente estudado e usado pelos especialistas que dele se ocupam (curadores, políticos, agentes económicos ou associações) como um “corpus” per se, a ser considerado  e valorizado como um mero “traço civilizacional”, separado do contexto social, económico e cultural que o produziu. A constituição de colecções museológicas ou a publicação da lista de património mundial da Unesco são contudo resultado de um acto de classificação cujos critérios repousam mais em factores culturais e históricos e nas pessoas envolvidas na selecção e manipulação do património, tal como acontece noutros fenómenos sociais como o parentesco, a religião ou a economia.

Por outras palavras, a elevação de items naturais, materiais ou imateriais ao estatuto de património – e os efeitos que daí advêm – devem ser vistos e analisado como um facto social como qualquer outro. O recente desenvolvimentos dos estúdios sonre património a nível académico e o crescente interesse pelo património para além deste meio deu-nos a oportunidade idela para pensar a patrimonialisação como uma prática social e uma visão do mundo, inscrita nas dinâmicas que encontramos prosperando entre o global e o local, entre história, memória e identidade.

De facto, um crescente número de investigadores (a nível de pós-doutoramento, doutoramento, mas não só) está hoje interessado em interrogar os objectos e as práticas patrimoniais dentro das humanidades (arqueologia, história, ciências políticas, geografia, antropologia, etc.).

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Membros: Cyril Isnart & Nevena Tatovic

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