Gazetas Manuscritas da Biblioteca Pública de Évora
Vol. 2 (1732-1734)
João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda, Fernanda Olival
(transcrição do texto de Gonçalo Lopes, F. Olival e T. Miranda)
Lisboa , Colibri, CIDEHUS.UE, CHC.UNL , 2005

Este segundo volume da colecção de gazetas manuscritas da Biblioteca Pública de Évora traz a público os "Diarios" reunidos no códice CIV/1-6 d, que cobre, com algumas falhas, o intervalo de 1732 a 1734.
 Mais uma vez, encontra-se aqui um vasto conjunto de informações sobre manobras de cariz diplomático, movimentos militares, o quotidiano dos Grandes, o trânsito marítimo, vicissitudes comerciais, a situação sanitária da Corte, nomeações para cargos de letras, crimes urbanos e obras do rei, informações verosímeis e confirmadas por outras fontes, a par de rumores e vozes diversas, perdidas no tempo. Também se acompanham nestas gazetas as trajectórias algo imprevistas de personagens menos distintas, como, por exemplo, o cirurgião Isaac Eliot: depois de citado pelo sucesso da sua arte, passa a ser réu do assassinato da própria mulher. Várias notícias vão descrevendo todo o processo, logo a partir de Novembro de 1731 (ainda no primeiro volume desta colecção), até ao momento final, da execução, neste volume. Pelas gazetas que agora se editam, sabe-se ainda que, na altura, o episódio chegou a inspirar a manufactura de leques pintados.
 O número total de registos semanais deste volume ultrapassa a centena. Um deles (e apenas um) é datado de 1734: ano em que, durante meses, se suspendeu a redacção regular dos folhetos. Nesse período, o autor do "Diario" passou a fazer o envio de notícias da Corte em forma de carta familiar. Para que se tenha uma ideia das alterações daí resultantes, transcreveram-se os textos encontrados deste âmbito cronológico e publicaram-se como anexo a este volume.
 Vários são os confrontos que se apresentam em rodapé. Em primeiro lugar, com a última parte do manuscrito do "Diario do Conde da Ericeira", da Biblioteca da Ajuda, e com a edição preparada por Eduardo Brasão nos anos de 1940. Em segundo lugar, com os assentos de umas folhas da Colecção Pombalina, que cobrem somente algumas semanas de 1733. Finalmente, faz-se também o confronto com um outro códice da Biblioteca Nacional, intitulado "Novidades de Lisboa", e com um caderno incompleto de uma miscelânea manuscrita da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
 Resulta deste percurso um muito mais amplo conjunto de dados sobre cerca de seis anos do longo reinado de D. João V, personagens e episódios de que se falava na Corte. Resulta também um muito melhor conhecimento da própria fonte, dos vários problemas de autoria que ela levanta, da multiplicidade da circulação das notícias manuscritas e dos seus vários tipos de registo, tanto em caderno, como em folhetos volantes.